Tudo sobre Viagens de Negócio à China

Fazer negócio na China pode ser muito lucrativo - se você seguir as regras

Para fazer uma boa viagem de negócios à China, você precisa saber de algumas informações básicas, tais como as regras da etiqueta local, a melhor forma de se comunicar no país, e o que esperar da culinária e cultura chinesa. 

Neste artigo, apresentaremos todo o essencial para garantir que sua viagem de negócios à China seja bem-sucedida.

O que esperar da China?

A China é um país de contrastes, no qual é possível ver lado a lado dois universos bem distintos, formados pela tradição milenar chinesa e pelo mundo globalizado ultramoderno. Essa combinação peculiar é resultado da dualidade chinesa de se orgulhar de sua rica história e de abraçar os valores capitalistas e urbanos oriundos do grande crescimento econômico das últimas décadas.

Além dessa ambiguidade, a China é ainda dividida em várias regiões, cada uma com seus próprios costumes e, muitas vezes, até mesmo dialetos e idiomas únicos. Ao se engajar no mundo dos negócios chinês, portanto, é necessário ser flexível, culturalmente sensível e, acima de tudo, humilde o suficiente para aprender a todo momento.

Ter consciência de toda essa riqueza e diversidade é requisito fundamental para qualquer um que deseje ter sucesso em transações comerciais na região. Afinal, apenas com o conhecimento dessa rara dinâmica cultural e histórica, será possível estabelecer comunicação proveitosa e traçar bons acordos no país.

As três maiores feiras comerciais da China

As feiras comerciais chinesas ganham cada vez mais espaço no mercado internacional. Todos os anos, centenas de milhares de empresários se encontram nesses eventos para discutir oportunidades de compra e venda de produtos e fechar grandes negócios no país. Abaixo você confere, em detalhe, as três feiras mais importantes.

1. Feira de Cantão (Feira de Importação e Exportação da China)

Sendo de longe a maior do país, a Feira de Cantão acontece na cidade portuária de Guangzhou, a noroeste de Hong Kong, possuindo duas edições anuais: uma durante a primavera (entre os meses de abril e maio) e outra no outono (entre outubro e novembro). 

Ela é ainda dividida em três fases distintas: na primeira, são apresentados produtos industriais de toda sorte, indo desde eletrônicos até automóveis; na segunda, são expostos bens de consumo em geral, além de presentes e artigos de decoração; já na terceira, é possível encontrar roupas, remédios e produtos de recreação. Cada uma das fases tem duração de 5 dias.

Dona do título de maior evento multissetorial do mundo, a feira movimenta bilhões de dólares todos os anos, sendo visitada por empresários de mais de 200 países. Para quem busca fazer negócios na China, ela é, sem dúvida, uma oportunidade comercial única.

2. Feira de Yiwu

Ao contrário da de Cantão, a Feira de Yiwu, no leste da China, é permanente e voltada para pequenos negociantes que buscam os menores preços ao comprar por atacado. Lá, eles encontram ofertas muitas vezes melhores que as de Cantão.

Além da exposição permanente, Yiwu também possui eventos anuais de várias categorias de produtos, o que atrai ainda mais visitantes à cidade. O maior desses eventos é a Feira Internacional de Commodities de Yiwu, que ocorre em outubro e traz a apresentação de dezenas de milhares de bens produzidos na China. 

3. Auto Show Internacional de Beijing

Esta é uma feira, como o nome sugere, voltada a automóveis. Ela traz a exibição de veículos de basicamente todas as companhias do planeta, sendo o maior evento automotivo da China - e um dos cinco maiores do mundo. Ela ocorre a cada dois anos na cidade de Beijing. 

Para os interessados em fazer negócios com produtos do ramo, a feira é indispensável. A China tem, afinal, a maior indústria automobilística do globo e, assim, não é difícil concluir que os melhores negócios em veículos, peças e acessórios com certeza estarão lá.

Regras básicas de etiqueta comercial na China

1. Postura

A primeira (e mais importante) regra de etiqueta comercial na China é o conceito de “postura”. Conhecer e desenvolver a postura adequada no universo empresarial chinês é, afinal, uma habilidade imperiosa. Sem ela, você terá certeza de voltar para casa com as mãos abanando. 

De forma resumida, a “postura” chinesa prescreve tato e respeito absolutos ao se dirigir às outras pessoas. Em termos práticos, é dizer que, enquanto no ocidente é “comum” e até mesmo “encorajado” ser direto, dolorosamente sincero e, por vezes, ousado, na China, tais comportamentos poderão representar o fim das negociações para você. 

Para se ter sucesso nesse jogo, portanto, você deve ser cortês e cuidadoso ao extremo, especialmente se desejar contra-argumentar ou sugerir mudanças no discurso de seu interlocutor. Assuntos delicados, em quase todas as instâncias, devem ser tratados de forma privada - bem longe dos olhos do público.

2. Nomes chineses

Uma segunda regra de ouro é relativa aos nomes chineses. Na maioria das vezes, seus parceiros comerciais irão se apresentar com um nome inglês, em respeito ao fato de muitos estrangeiros terem dificuldade de lembrar nomes na língua local. Diante disso, recomendamos ir contra a corrente e perguntar o nome de batismo do seu interlocutor. Dirigir-se a ele usando seu nome chinês pode parecer um gesto pequeno, mas será representativo de grande consideração.

Não se esqueça, porém, de que na China o sobrenome vem sempre antes do nome, tendo, deste modo, a maior importância. Nunca cometa a gafe de chamar alguém no contexto empresarial pelo primeiro nome. Isso soará constrangedor e ultrajante. Em caso de dúvida, use o sobrenome.

3. Reuniões 

Antes de qualquer reunião, as boas maneiras exigem que você cumprimente todas as pessoas presentes. Para fazê-lo, busque ser breve e simples. Um “nihao” somado a um tradicional aperto de mãos é educado o suficiente na maioria dos contextos - tanto para mulheres quanto para homens. Mais do que isso pode ser mal interpretado, então cuidado.  

É relevante destacar que, em geral, as reuniões na China se desenvolvem em um ritmo bastante desacelerado. A comunicação é construída a passos curtos, e muita conversa secundária é necessária antes de se atingir o tópico principal. Esse é o compasso chinês, e você deve obedecê-lo com classe e destreza. Tentar acelerar as coisas e ir direto ao ponto pode ser considerado muito grosseiro.

4. Presentes

A troca de presentes é menos comum (e menos desejável) na China do que o esperado por muitos estrangeiros. Isso porque o país vem desenvolvendo, nos últimos anos, uma política ferrenha contra a corrupção e, como é de se imaginar, dar presentes em contextos comerciais pode ter implicações pouco louváveis.

Deste modo, é aconselhável ter cuidado com esse “gesto”, evitando em especial mimos caros ou extravagantes demais. Lembre-se de que na dinâmica social dos negócios nada é, de fato, gratuito. Dar um presente notável equivale a pedir algo igualmente extraordinário em troca - o que nem sempre é possível. Então não ponha seu parceiro comercial em maus lençóis. Seja simples e modesto ao conceder benesses.

5. Roupas sociais

Para os homens, o traje social esperado é muito similar ao usado no ocidente. O básico para todas as ocasiões se resume a camisa de botão, calça e sapatos sociais - todos bem alinhados. A adição de blazer e gravata traz mais formalidade ao visual, sendo requisito apenas em algumas ocasiões. Durante o verão, devido ao calor do país, é aceitável o uso de camisa social de manga curta ou de uma polo. 

Para as mulheres, basta uma blusa simples e saia social - calças formais também são comuns. O uso de joias (sem excessos) é facultativo, mas a maquiagem é indispensável.

Importante notar que a presença de ar condicionado nos escritórios não é uma regra. Desta forma, é aconselhável trazer lenços, toalhas ou mesmo uma segunda troca de roupa para casos emergenciais.

Melhores formas de comunicação na China

Sendo o mandarim a língua padrão na condução dos negócios no país, a comunicação pode ser algo problemático caso você não fale esse idioma. É fato que, dependendo do contexto em que se encontre, você pode até se deparar com pessoas que saibam o inglês, mas isso não é muito comum. Assim, o mais recomendável é ter um intérprete acompanhando você em reuniões e encontros importantes. 

A presença de um intérprete pode ser indispensável em reuniões na China

Outra peculiaridade chinesa é o lugar secundário dos e-mails na comunicação comercial. Decerto, alguns negócios de caráter mais internacional podem usar com maior abrangência o correio eletrônico. No entanto, em sentido amplo, os chineses dão preferência a outro meio de comunicação: o WeChat, um mensageiro com diversas funcionalidades, incluindo a de tradução simultânea de mensagens.

Por isso, é imperativo instalar o WeChat em seu celular antes mesmo de chegar à China. Será com ele que praticamente todos os seus contatos irão se comunicar com você - tanto em nível pessoal quanto profissional. Desta forma, em vez de fornecer seu endereço de e-mail, você se verá compartilhando o QR code da plataforma para poder se conectar a seus novos interlocutores. 

Vale destacar também que os chineses seguem uma dinâmica social particular, buscando estabelecer o que chamam de 关系 “guanxi”, um conceito de relacionamento no qual se cria uma conexão de confiança especial - em oposição à frieza costumeira dos negócios ocidentais. Por isso, busque não apenas usar o WeChat para marcar reuniões ou discutir contratos. Aproveite dele para criar vínculos mais fortes e pessoais com seus parceiros comerciais - só assim você terá uma base sólida para fazer bons negócios com eles.

Por fim, um ponto crucial no assunto comunicação é a questão das restrições impostas pelo governo chinês à internet. Uma vez na China, você não será capaz de acessar sites como o Facebook, YouTube, Twitter ou Google, nem aplicativos como WhatsApp e Facebook Messenger. Desta maneira, a comunicação com seus contatos nessas redes sociais será bastante complicada.

Uma forma de resolver esse problema é usando uma rede virtual privada (VPN), que é uma ferramenta capaz de burlar a censura do país e permitir acesso livre à internet. Você deve se atentar apenas ao fato de que nem todos os provedores de VPN têm sucesso nessa empreitada, afinal o governo chinês está em constante luta contra eles e bloqueia, todos os anos, vários servidores do tipo - o que elimina do jogo provedores menos atualizados. (Saiba mais sobre VPNs)

A melhor estratégia para você, nesse cenário, é ter em mãos, preferencialmente antes de sair do Brasil, um serviço de VPN testado para o uso na China. Só então você terá garantia de ter bons resultados e nenhuma dor de cabeça. 

Melhores formas de transporte na China

Para se deslocar na China, você tem algumas opções. Provavelmente a mais simples é usar o serviço Didi Chuxing, um equivalente chinês ao Uber, que não apenas está disponível em inglês como também aceita cartões de crédito internacionais. 

Uma alternativa mais clássica são os táxis, mas com esses é preciso ter cuidado. Busque não entrar em veículos sem licença, insista que o motorista use o taxímetro e sempre peça o seu recibo. Também recomendamos que você peça ao motorista que tire sua bagagem do porta-malas antes de sair do táxi e pagar o serviço. Outra dica interessante é pegar no hotel um cartão de visitas para poder mostrar o endereço da sua acomodação (em chinês e inglês) aos motoristas. 

Em grandes cidades, o trânsito pode ser problemático, então, às vezes, a melhor escolha é usar o metrô. Principalmente porque, após as Olimpíadas de 2008, os sistemas de metrô das maiores metrópoles chinesas melhoraram muito, tanto em eficiência quanto em acessibilidade. 

O sistema ferroviário da China também merece destaque - particularmente para quem deseja ir de uma cidade a outra no país. Dotados de enorme velocidade, os chamados trens-bala são muito práticos, confortáveis e baratos.   

O que esperar de um jantar de negócios?

Os jantares são parte essencial da arte de fazer negócios na China. Tanto que, lá, a maioria dos restaurantes possui uma área reservada só para esse tipo de encontro, a qual possibilita aos clientes executivos mais privacidade na discussão de acordos e planejamentos comerciais.

Para uma boa experiência nessas reuniões, é essencial ter alguns conhecimentos prévios. O primeiro deles é o manejo dos kuàizi, os famigerados “pauzinhos” usados como talheres na China. É vergonhoso estar a negócios na Ásia e não saber usá-los - ainda mais sabendo que nem todos os recintos dispõem de talheres ocidentais.

O uso dos famosos “pauzinhos” chineses é obrigatório

Os estabelecimentos, em geral, trazem mesas redondas com uma plataforma giratória menor na superfície. Os pratos são dispostos nessa plataforma, e você deve se servir a partir deles, girando-a até ficar de frente à iguaria desejada. Quando não estiver usando seus kuàizi, deixe-os em posição horizontal na borda da tigela - nunca dentro dela, pois isso é sinal de mau agouro.

A culinária chinesa é normalmente bastante saudável, resumindo-se, em grande parte, a legumes e vegetais. As carnes mais comuns são frango, carne bovina e porco; quando servidos, frutos do mar e peixes são sempre frescos. Pratos mais exóticos, como répteis, insetos ou cachorros e gatos, só serão oferecidos quando solicitados por você - eles não são, nem de longe, tão comuns quanto os estrangeiros imaginam.

Mantendo a sua segurança no território chinês

De modo geral, a China é um país bastante seguro, e você não terá lá grandes preocupações quanto a isso. É certo que, como em todo lugar no planeta, por óbvio, você deve adotar certas medidas preventivas - mas nada extraordinário.

Sugestões práticas nesse sentido são: não carregar dinheiro demais nos bolsos; não sair à noite, caso não se sinta confortável; e se sair, evitar as partes mais pobres da cidade. Também é aconselhável andar em grupos e se vestir de forma neutra e simples. 

Caso vá sair, outra boa sugestão é deixar seus bens nos hotéis; eles são, em sua maioria, altamente seguros. Mas lembre-se de levar documentos básicos e ter em mãos um celular, algum dinheiro e, preferencialmente, um bom mapa mental de aonde pretende ir. Antes de pegar um táxi, sugerimos ainda que você tenha escrito num papel o nome do local aonde pretende ir em inglês e chinês, afinal não há garantias que o motorista saiba inglês.  

No tocante à segurança online, recomendamos fortemente o uso de uma VPN. Não somente essa ferramenta será útil no acesso a sites e aplicativos ocidentais (muitos bloqueados pelo governo chinês), como também garantirá maior privacidade e confidencialidade à sua navegação. De acordo com o Country Reports, não é raro que estrangeiros sejam monitorados dentro da China - em particular em suas atividades virtuais. Deste modo, se você quiser manter seus segredos comerciais a salvo, não pense duas vezes antes de instalar uma VPN em seu computador e dispositivos móveis. (Saiba mais sobre o uso de VPNs para viajantes).

Feriados e alta temporada

A China tem apenas dois grandes feriados: o Ano Novo Chinês e o Dia Nacional. Nessas datas, o turismo do país presencia um enorme incremento, ocasionando o rápido esgotamento de acomodações de hotel e passagens ferroviárias e aéreas. Assim, quem planeja viajar ao país durante essa temporada, deve se preparar com bastante antecedência.  

O feriado do Ano Novo Chinês se inicia sempre durante a lua nova ocorrida entre 21 de janeiro e 20 de fevereiro e tem duração de uma semana. É o maior festival nacional do país, sendo comemorado com várias celebrações em família e em público, com comidas típicas e queima de fogos de artifício.

Já o Dia Nacional tem início em 1º de outubro, perdurando também por uma semana. Na ocasião, são realizadas paradas militares e celebrações especiais na Praça da Paz Celestial, em Beijing.

Resumindo

Fazer negócios na China pode ser uma grande oportunidade, e se você quiser aumentar as suas chances de sucesso nessa aventura, é imprescindível ter conhecimentos de algumas regras.

  • Busque se familiarizar com a cultura local, adequando sua postura aos padrões chineses e sempre sendo rigorosamente respeitoso.

  • Caso não fale mandarim, tenha um intérprete ao seu lado para facilitar a comunicação com seus parceiros comerciais.

  • Instale o WeChat em seu celular, ele será muito útil.

  • Tenha um bom serviço de VPN disponível para poder garantir sua segurança virtual e acesso livre à internet.

  • Aprenda a comer com os “pauzinhos” asiáticos - você vai precisar.

  • Adote medidas simples de segurança. Precaução nunca é demais.

  • Divirta-se e aproveite tudo que a China tem a oferecer. Não é todo dia, afinal, que você se encontra em um país tão rico, diverso e interessante quanto a terra de Confúcio.

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