Hoje em dia, é quase impossível se comunicar com as pessoas sem usar um aplicativo de troca de mensagens. Talvez justamente por isso a questão da privacidade no uso desses programas tem se tornado tão relevante na atualidade. Após tantos vazamentos e ataques de hackers, a maioria dos usuários se pergunta até onde suas conversas estão, de fato, protegidas. Como resposta a essa demanda de mercado, foi então que surgiu o Signal Messenger - supostamente uma das plataformas mais seguras do mercado. Mas será que ele é mesmo tão seguro?
Neste artigo vamos responder a esse e outros questionamentos mais sobre o famigerado Signal. Confira todos os tópicos discutidos abaixo.
O que é o Signal Messenger?
O Signal é um aplicativo de trocas de mensagens gratuito que pode ser usado no desktop e nas maiores plataformas de dispositivos móveis, como iOS e Android. Sendo uma alternativa ao Whatsapp e ao Telegram, ele traz como diferencial um incrível sistema de segurança, o qual lhe rendeu a fama, entre os seus entusiastas, de “mensageiro ultrasseguro”.
Em resumo, dois são os recursos principais aclamados por seus fãs: (1) uma potente criptografia de ponta a ponta, a qual promete enorme proteção à privacidade de seus clientes; e (2) o fato de possuir código aberto, o que possibilita aos seus usuários acessar os pormenores do aplicativo e verificar de perto se ele é mesmo tão seguro.
Pensado inicialmente como um programa simples de troca de mensagens e chamadas telefônicas, o Signal conta, desde 2017, também com a opção de se fazer videochamadas - as quais são dotadas, da mesma forma, de excelente criptografia. Além disso, como seus concorrentes, ele ainda disponibiliza as funções de envio de imagens, vídeos e arquivos em geral.
Quem são seus fundadores?
Num primeiro momento, a ideia do Signal foi de autoria de um grupo independente de programadores chamado Open Whisper Systems, o qual era liderado pelo empreendedor norte-americano Moxie Marlinspike. O projeto do aplicativo, que remonta à fundação do grupo em 2013, tinha como ideal o desenvolvimento da criptografia em serviços de troca de mensagens de texto e áudio.
Desde 2018, contudo, a plataforma passou a ser mantida pela Signal Foundation, uma organização sem fins lucrativos fundada pela parceria entre Marlinspike e Brian Acton, um dos cofundadores do WhatsApp. Grande defensor da privacidade online, Acton entrou no empreendimento poucos meses depois de se desligar do WhatsApp, em decorrência dos vários atritos que teve com Mark Zuckerberg a respeito do futuro do aplicativo.
A Signal Foundation foi criada com o propósito de fornecer fundos ao desenvolvimento do Signal, que vinha enfrentando, nos últimos anos, alguns problemas financeiros. Seguindo essa finalidade, portanto, Acton desembolsou, no ato da fundação, 50 milhões de dólares de seu próprio bolso à organização.
Em declaração oficial, ele afirmou que o investimento serviria para garantir que a Signal Foundation cumprisse uma “necessidade global” e desenvolvesse “um novo modelo tecnológico sem fins lucrativos que fosse focado na proteção da privacidade e dos dados de todo mundo, em todos os lugares”.
De fato, ao contrário de muitos aplicativos do gênero, o Signal não possui motivações financeiras. Sua empresa criadora, além de oficialmente não ser um órgão que visa ao lucro, é ainda comandada por dois especialistas que advogam de forma ativa pela proteção de dados pessoais, tanto contra hackers, quanto contra companhias e serviços que queiram explorá-los economicamente.
O mercado dos aplicativos de mensagens
Hoje, mais de um quarto da população mundial usa o WhatsApp ou o Facebook Messenger para se comunicar com familiares, amigos e parceiros comerciais online. Ao total, são mais de 1 bilhão de usuários registrados em cada uma das plataformas. Essa dimensão colossal ao mesmo tempo que impressiona, também coloca em questão os meios pelos quais essas empresas ganham dinheiro, uma vez que os seus serviços, em tese, são gratuitos.
É aí que entram alguns pontos nevrálgicos do assunto. Tanto o Facebook Messenger quanto o WhatsApp são geridos pelo Facebook - companhia famosa por estar intimamente associada a anunciantes e à realização de compartilhamento de dados. Assim, não é surpresa que grande parte da receita dos dois aplicativos venha justamente dessa fonte.
Importante dizer que, de cara, não há nada intrinsecamente errado com isso. Mas quando adicionamos na equação os últimos escândalos envolvendo o Facebook, como o vazamento de dados pela Cambridge Analytica, combinados com o fato de a companhia não permitir que nenhum especialista em segurança e privacidade de fora inspecione seus processos de coleta de dados, as coisas se tornam muito menos aceitáveis.
É diante deste quadro que aplicativos tais quais o Telegram e o Signal se mostram alternativas bem mais interessantes. Munidos de outros meios de financiamento, como fundos privados e doações, os dois serviços garantem não possuir afiliações com anunciantes nem compartilhar dados de seus usuários com terceiros para obter receita. Além disso, ambos possuem código aberto, o que gera maior confiança em suas promessas de segurança - particularmente quando em comparação com o sigilo questionável das plataformas do Facebook.
Por que escolher o Signal?
O Signal é uma ótima alternativa para usuários que realmente se preocupam com a privacidade de suas conversas online. Dotado de um forte sistema de criptografia de ponta a ponta tanto para seus envios de texto quanto de áudio, o aplicativo garante que ninguém além de você e seus destinatários tenha acesso às suas mensagens - nem mesmo o próprio Signal.
Além disso, o serviço ainda oferece opções adicionais de segurança, como o recurso de configurar certas mensagens para se autodestruírem após um tempo definido. Assim, se você quiser manter determinada informação disponível por apenas 2 minutos, você pode programá-la para desaparecer logo depois desse período. O mesmo artifício pode ser encontrado no Telegram, mas somente em conversas especiais (chamadas “secretas”), o que desafia um pouco o propósito da ferramenta.
Outro recurso interessante é o chamado Screen Security (“segurança de tela”, em tradução livre). Com ele, você pode bloquear quaisquer outros aplicativos em seu celular de tirar “prints” de suas conversas no Signal. Deste modo, ainda que você tenha um aplicativo sorrateiro vigiando secretamente suas atividades no aparelho, ele não será capaz de capturar nada dentro do Signal.
No mesmo sentido, o aplicativo disponibiliza também a função Incognito Keyboard (“teclado anônimo”, em tradução livre), a qual evita que o seu Gboard (ou demais teclados virtuais que você possa usar) aprendam a forma como você escreve suas mensagens. Isso é útil porque esses teclados têm de captar cada palavra que você digita isoladamente, assim o recurso protege suas conversas de serem lidas por aplicativos maliciosos. O único porém da função é que, com ela, a opção de digitar com a voz fica indisponível.
Durante as chamadas no Signal, há ainda uma estratégia curiosa de segurança. Tão logo os celulares estabelecem conexão um com o outro, um código secreto é gerado na forma de duas palavras, as quais aparecem na sua tela e na do seu interlocutor. Para verificar se a chamada é segura, vocês podem dizer um ao outro as palavras que veem - se elas forem as mesmas, tudo está certo; do contrário, algo está errado com a criptografia da ligação. Neste último caso, você deve desligar, mudar sua rede de conexão e tentar novamente.
Somado a tudo isso, você tem a conveniência de saber que não será importunado por anúncios na plataforma. Pelo menos é o que, atualmente, promete o Signal. Note que isso pode mudar no futuro, afinal o mesmo discurso era feito pelo WhatsApp - e tudo mudou quando o Facebook passou a geri-lo. Verdade seja dita, no entanto, sendo o Signal um aplicativo de código aberto, as chances de ele mudar essa política são bem menores. Isso porque projetos do tipo dificilmente têm sucesso com monetização por meio de anúncios.
Em suma, o Signal, assim como o Telegram, é uma ótima opção para quem busca maior privacidade e segurança em suas comunicações. Ambos aplicativos, pois, são excelentes na troca confidencial de mensagens, o que pode ser especialmente útil para profissionais que necessitam manter sigilo com seus clientes - como é o caso de advogados e jornalistas.
Quais as desvantagens do Signal?
A maior desvantagem do Signal é, de longe, a sua baixa popularidade. Com um número bem modesto de usuários, ele nunca esteve presente em nenhuma lista dos aplicativos mais populares do mercado. É um trabalho árduo para ele, portanto, competir com gigantes como WhatsApp e Facebook Messenger. Afinal, uma plataforma do tipo só é verdadeiramente útil se você puder encontrar muitos dos seus amigos e familiares nela.
Outro ponto fraco do Signal é sua limitação em matéria de recursos. Apesar de possuir muitas funções interessantes, ele não disponibiliza várias outras presentes em seus concorrentes, como status e stories, compartilhamento de GIFs e figurinhas, e customização por meio de bots.
Por fim, a alternativa de tornar o Signal o aplicativo padrão de envio de SMS também é um pouco confusa e pode levar a erros. Isso porque usuários desavisados podem crer que, ao enviar mensagens pela plataforma, automaticamente estarão protegidos, o que não é verdade. Caso o destinatário da sua mensagem não possua o Signal instalado em seu aparelho, a conversa não será criptografada e, portanto, não estará protegida dos olhares de terceiros.
Em síntese, o uso do Signal é mais recomendável para usuários que desejem ou necessitem de um alto grau de segurança e privacidade, como é o caso de profissionais que lidam com assuntos confidenciais. Já para usuários menos preocupados com essas questões, aplicativos mais populares, como WhatsApp e Facebook Messenger, podem ser escolhas melhores.
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